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ANALISE SEU CASO

COMO A ÁREA DO LUTO ME ESCOLHEU?

Todo mundo é competente em alguma coisa, seja em assuntos pessoais, profissionais, sociais, não importa, todos, sem exceção, sabemos fazer algo muito bem. O que acontece é que, por vezes, demoramos para enxergar onde é realmente nosso lugar no mundo.



Por característica nós procuramos nossas qualidades, nosso potencial em coisas boas tentando montar nossa base sobre esse alicerce seguro onde estamos confiantes, pisando em um campo onde conhecemos o caminho e os riscos calculados.

O que não percebemos é que eventos que imaginamos serem “ruins” e desta forma descartamos da nossa vida, podem nos levar para o mesmo lugar, nos impulsionando da mesma maneira.


Pois, costumo dizer que somos moldados por ambas as situações, ou seja, pelo amor e pelo sofrimento e sabê-los usar da melhor forma possível é o segredo para nos encontrarmos na vida.


Meus ilustres. Sou advogado com formação na área de família e sucessão, lidando nestas áreas diretamente com o sofrimento humano ou de uma separação ou de um falecimento. Minha capacitação e escolha por este trabalho vem das minhas experiencias de vida, principalmente as ligadas com a morte.


Vou relatar três eventos para vocês:


Meu primeiro evento com a morte ocorreu com 7 anos quando quase morri afogado na piscina da minha casa, enrolado completamente em uma lona plástica, totalmente sem ar. Eu me lembro de pensar no desespero dos meus pais ao me achar e retirar meu corpo de dentro da piscina. Isso ia ser terrível. Quando a lona se fechou completamente e o ar acabou pensei “é assim que vou morrer”. Eu era para ter morrido ali, sem dúvidas, mas por algum motivo inexplicável a lona se soltou sozinha, da mesma forma que havia me engolido primeiramente.


Com a mesma idade, durante o intervalo da aula, um pneu de patrola de uns 60kg que usávamos para brincar caiu sobre mim que estava sentado em um pequeno muro. Minha sorte que por centímetros passou do meu pescoço e acabou caindo sobre minha perna fissurando o osso do meu pé e tornozelo. Bendita sorte!


Ainda pequeno, lembro de estar andando de bicicleta e sobre uma pequena areia na calçada ter dado um cavalinho de pau, só que atrás vinha um amigo do meu irmão que pesava mais de 100 kg, ele só não me atropelou como caiu por cima de mim... eu um menino de no máximo 30 kg fui esmagado e arrastado pelo chão.


É claro que esses eventos me assustaram e me geraram um alerta sobre estar vivo, então decidi ao invés de fugir do tema, enfrentá-lo de frente com coragem e assim foi onde eu conheci o espiritismo assunto que me levou a outras doutrinas como o estoicismo.


Descobri minha vocação para lidar com a dor alheia ainda jovem, quando meu avô faleceu. Essa foi minha primeira grande perda. Mas ao invés de ficar só me lamentando, naquele dia algo despertou em mim durante o velório, e, confiante, assumi o papel do padre discursando sobre a vida e a morte com base em tudo que já havia passado e lido. Eu tinha certa base para estar ali naquele momento.


Ao começar a estagiar na área do direito, trabalhei diretamente com questões ligadas a morte, como por exemplo, seguro DPVAT, lidando com o sofrimento de quem sobrevivia e o luto dos parentes que encaminhavam a indenização. Ver inúmeras imagens de pessoas mortas me mostrou o quanto a vida era passageira, mas, que isso também era algo da natureza, um clico em que nascemos, crescemos e se Deus quiser velhinhos, morreremos.


Mas Pensa que isso me assustou? Que nada! Quando enfrentamos nossos medos vamos criando uma casca, camadas que cada vez mais nos protegem e nos ajudam a suportar o tema, permitindo que possamos enxergar com outros olhos o que está acontecendo.


Trabalhei ainda com indenização de apólices de seguro, claro, indenizando os herdeiros da pessoa falecida, lidando com a dor e sofrimento que eles sentiam, o que, claramente nos remete aos nossos parentes. É uma empatia estranha porque sabemos que um dia estaremos naquele lugar de sofrimento, o que nos faz aprender com a dor alheia, se não preferirmos ignorá-la.


Pode ser estranho, mas trabalhar com família e sucessão me traz uma paz, uma resiliência sobre a vida e a morte, porque tenho uma bagagem emocional das minhas experiencias pessoais, bem como de todos os lutos, que não foram poucos que lidei. Hoje, uso minhas camadas de vida para ajudar os outros.


Sabe, você não pode ajudar os outros despreparado não importa no que seja, há de se ter força para não se afogar nos problemas alheios misturados com os seus.


Isso me tornou indiferente a dor? De forma nenhuma! Me fez entender o que cada pessoa sente e conseguir lidar com elas como realmente merecem ser tratadas. O luto tem que ser respeitado em sua essência, sem tempo definido, sem ter que esquecer ou fingir que superou na marra quem se ama. O luto pode e deve ser falado, vivido em sua máxima intensidade.


Já parou para pensar que a palavra luto pode significar que a pessoa está iniciando uma luta contra o desconhecido? Contra dores nunca sentidas, tão fundas que poderiam afogá-la no oceano da dor e sofrimento? Meu trabalho, tanto processual como pessoal é jogar uma boia para essa pessoa se salvar enquanto o processo se desenrola.


Confesso que tenho feito amizades sinceras, verdadeiras, porque tenho a capacidade de conversar com eles sobre assuntos escondidos internamente que os outros não tem coragem de falar ajudando-os a se libertar da dor aos poucos, a cada conversa, cada cafezinho, cada abraço, sorriso ou choro provocado.


Devido a essa experiência vivida, escrevi um livro sobre luto, dor, sofrimento e morte, chamado “lidando com o evento morte e luto”.


Por fim, meus caros, preciso dizer que quem sabe onde está pisando, não tem medo de caminhar na lama, simples assim.


Me chamo Felipe Barbosa, sou advogado pós-graduado em família e sucessão, membro do IBDFAM, escritor do livro enfrentando o evento morte e luto com diversas especializações jurídicas.

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